Aloízio Mercadante Oliva
entrega a mim o diploma de conclusão do Curso de Economia, em setembro de 1982.
Enfrentei muitas barreiras desde o primeiro ano de vida escolar,
o das crianças as quais não entendiam a minha forma de locomover
lenta, a fala mole e letra péssima.
Devido a forma que encarei cheguei a ponto de pensar em desistir...
se não fosse a bronca e apoio da minha mãe. Mesmo quando o diretor
duvidou da capacidade de completar ginásio, senti o apoio e força
da família na figura de minha mãe.
Esta força deu segurança pra buscar no meu interior lutar contra
ao estigma do qual não conseguiria estudar.
Ano a ano ia passando cheguei ao terceiro ano colegial, já pensando
num novo desafio: o vestibular e a universidade.
Fiz quatro vestibulares em dois anos na melhor faculdade de admistração
- Getulio Vargas - não conseguindo entrar no ultimo por 4 décimos. Depois
prestei PUC-SP e entrei em economia.
Depois da festa de entrar comecei a pensar como faria pra estudar na
faculdade de economia, pois não podia pedir aos professores pra copiar matérias pra mim.
Deus tirou de mim a coordenação motora pra escrever mas deu pra mim
a memória, como a maioria das matérias do curso eram teóricas prestava
atenção nas aulas, discutia e fazia prova oral, não precisava estudar
em casa e as matérias tipo matemática e contabilidade me davam mais tempo nas provas.
Fui avaliado da maneira devida como os outros alunos do curso que
tem 9 semestres, fiz em 11 semestres.
A marca que ficou da minha trajetória escolar foi
o preconceito da sociedade na época representado pelo
diretor, pois não acreditava no que fugia aos padrões normais.
Minha vida foi trilhada por muitas batalhas, muitas
das quais, aparentemente eu perdi ou estou perdendo!
Entretanto, nunca me dou por derrotado, e esta eu
considero uma das minhas maiores qualidades.
A todo instante busco melhorar a minha qualidade de vida.
Para muitos sou teimoso, pois nunca estou satisfeito.
Não é pelo fato de não aceitar os conselhos de outras
pessoas, mas o que ninguém entende é que nunca deixo
de tentar vencer meus limites, encarando as dificuldades
de frente. Em 1962 comecei o primeiro ano escolar.
De início fiquei assustado com tantas crianças, e elas,
não entendendo o porquê de eu andar daquele jeito e falar mole, até me gozavam...
Enfim, era um mundo novo para mim!
A professora, D. Palmira, procurava me ajudar, dando
uma atenção especial e tentando me alfabetizar,
mas apesar de todo meu esforço, não conseguia
coordenar a escrita e minha letra saía muito tremida e ilegível.
No final do ano senti uma decepção tremenda,
pois repeti em todas as matérias.
Não entendia porque minha letra era tão diferente
das de outras crianças. Além disso, eu demorava uma eternidade para escrever.
Mesmo com todas as dificuldades e preconceitos
de alguns, como o próprio diretor da escola, o
que vale a pena ressaltar é o apoio da família
e a ajuda de muitas pessoas em dar condições para que eu realizasse meus sonhos.
O primeiro passo a ser atingido foi entrar na universidade.
Em vista disso, minhas preocupações e responsabilidades
aumentaram, dificultando algumas realizações.
Certo dia, deitado em minha cama, relaxei e coloquei
meus problemas nas mãos de Deus...
Ele concederia uma solução para eu conseguir cursar a universidade.
Depois de dois anos tentando, finalmente consegui atingir meu objetivo maior.
E foi o mesmo Deus que me permitiu estar nesta
situação, que me deu o meu dom maior: minha memória,
me capacitando a acompanhar as matérias teóricas e
memorizar os textos com uma facilidade enorme.
Claro que na universidade também tive a compreensão
de meus professores, que me permitiam fazer as provas
em chamadas orais nas matérias teóricas e práticas.
Em contabilidade e matemática, os professores me davam mais tempo para as provas.
Hoje, lembrando daquela época, me sinto gratificado
ao olhar com orgulho meu diploma de Economia da PUC - SP...
Mas muito ainda tinha de ser feito, e em 1991 fui
um dos fundadores do C.I.E.D.E.F.
(Centro Para Integração Esportiva do Deficiente Físico),
sendo o primeiro presidente, no biênio 1991/1992.
E não parei aí, pois sempre tive preocupação com
o meu físico, muitas vezes, como se fosse o único
entrave da minha vida, entre as várias crises que tive.
Hoje encaro essas mesmas dificuldades consciente,
sem ansiedade, mas com determinação e buscando minha qualidade de vida.
Quanto à parte emocional, sei me conhecer melhor
procurando entender e respeitar o modo de ser de cada um.
Tive desilusões amorosas, mas não posso me abater,
pois tenho o carinho de muitas pessoas.
Sei, ainda, que os assuntos afetivos são complicados
para todos os seres humanos e apreendi que a melhor maneira de
se lidar com isso é você estar bem consigo mesmo...
E me sinto assim... de bem com a vida!
Estou vivendo o momento atual, buscando sempre
melhorar a minha condição de vida, perseguindo
novos sonhos e a cada dia que passa, transponho novas barreiras.